O Relatório

Leitores Externos

John Elkington e Lorraine Smith

UMA PERSPECTIVA SOBRE O RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE FIBRIA 2017

O setor de papel e celulose tem sua parcela de problemas, mas este último ciclo de relatórios da Fibria ilustra quanto os líderes do setor avançaram. Por esse motivo, ficamos felizes por oferecer uma perspectiva sobre o relatório da empresa. Um de nós (Lorraine) analisou o relatório de sustentabilidade da Fibria de 2013 e o outro (John) analisou o primeiro relatório da empresa, de 2009. Ambos constatamos que a Fibria está se tornando líder global em desenvolvimento sustentável.

Apesar das turbulências políticas, o mundo está estabelecendo novas metas de sustentabilidade, que apontam uma agenda muito diferente para os negócios. É evidente que, desde 2013, tanto a estratégia geral da Fibria quanto seus relatórios evoluíram em resposta a essa agenda. A mudança para melhor foi ainda mais perceptível a partir de 2009. Uma evolução no pensamento integrado e na prática está claramente demonstrada no relatório, e a mudança para relatórios online tem sido parte importante desse processo.

Um avanço promissor foi a introdução da Central de Indicadores, tornando o acesso a dados relevantes mais fácil para os leitores – tanto dentro quanto fora da empresa. Trata-se de um grande avanço, e aguardamos com expectativa as futuras evoluções desse elemento da comunicação da empresa.

Assim sendo, não está exatamente claro como o escopo e a pretensão das (muito bem-vindas) metas de 2025 foram estabelecidos nem como se relacionam com a entrega das Metas de Desenvolvimento Sustentável até 2030. Com os ODS cada vez mais vistos como determinantes para as expectativas futuras de negócios, seria muito útil ver como as metas e objetivos da Fibria se alinham a esses objetivos; em outras palavras, como a Fibria determina que seus objetivos atuais são “suficientes”.

“A cobertura das questões incluídas no relatório da Fibria continua a crescer de uma forma que aplaudimos, indo desde a precificação do carbono até o roubo de madeira, desde a proteção do habitat das baleias nas rotas marítimas até a inclusão de apicultura e produção de mel no modelo de negócios.”

A cobertura das questões incluídas no relatório da Fibria continua a crescer de uma forma que aplaudimos, indo desde a precificação do carbono até o roubo de madeira, desde a proteção do habitat das baleias nas rotas marítimas até a inclusão de apicultura e produção de mel no modelo de negócios.

Levando em conta os últimos acontecimentos no Brasil, alguns leitores podem também se interessar em saber mais sobre como a Fibria lida com os riscos decorrentes de práticas como suborno e corrupção – que estão íntima e negativamente ligados à agenda de sustentabilidade.

Em termos de pontos positivos adicionais, gostamos da forma com que o foco está expandindo de caso de negócios voltado à ação para modelos de negócio que criam valor tanto para acionistas quanto para stakeholders. Isso corresponde em grande parte à tendência que identificamos em nosso recente relatório Breakthrough Business Models (em tradução livre: Modelos de Negócio Inovadores), para a Comissão de Negócios & Desenvolvimento Sustentável.

Enquanto isso, o mundo está indo de um modelo de transparência para outro, da integração da criação de valor nas diversas formas de capital (ex. físico, financeiro, humano, intelectual, social e natural) para uma maior integração de dados. Quando esse processo for concluído nos próximos anos, os tomadores de decisão serão capazes de rastrear o avanço em nível de campo, floresta, pesca e fábrica até seu impacto na atmosfera, na biosfera e nos oceanos.

Com essa evolução em mente, o último relatório da Fibria pode levantar novas questões. Alguns podem querer saber mais sobre direitos territoriais ou saúde e segurança, por exemplo, enquanto outros estarão mais interessados no potencial uso de Organismos Geneticamente Modificados ou no papel da plantação de florestas em frear as mudanças climáticas. Eles considerarão o mapa “clicável” da cadeia de valor da Fibria uma evolução muito útil em relação à velha lista de conteúdos, possivelmente gerando a possibilidade de debates multidirecionais entre a empresa e seus stakeholders, no Brasil e no exterior.

O teste definitivo do comprometimento e da integração de uma empresa se dá quando seus stakeholders se envolvem ativamente com alguns aspectos das suas operações. A tecnologia pode contribuir muito para a transparência e responsabilização, mas ao fim tudo se resume às pessoas — como elas pensam, quais são suas prioridades e quanto tempo e esforço elas se dispõem a dedicar às trocas éticas, sociais, ambientais e econômicas de uma forma mais geral, com pouco impacto imediato nos resultados financeiros.

“O relatório da Fibria tem estilo e conteúdo atraente e detalhado e será importante não apenas para prestar esclarecimentos aos críticos, mas também para promover um diálogo mais amplo e construtivo.”

O relatório da Fibria tem estilo e conteúdo atraente e detalhado e será importante não apenas para prestar esclarecimentos aos críticos, mas também para promover um diálogo mais amplo e construtivo. Com base nas evidências atuais, o esforço de comunicação da empresa está caminhando na direção certa – e nós certamente ficamos na expectativa para avanços nessa área.

John Elkington é presidente e disseminador chefe da Volans, empresa na qual Lorraine Smith é diretora associada. Eles são coautores de Breakthrough Business Models (Modelos de Negócio Inovadores)

John Elkington é escritor e pensador, um empreendedor em série e conselheiro do futuro. Ele é presidente e disseminador chefe da Volans, empresa com certificado B Corp que cria soluções baseadas no mercado para os maiores desafios do futuro.
Atualmente, ele é colíder do Projeto Breakthrough, um empreendimento conjunto com o Pacto Global da ONU focado no desenvolvimento de mentalidades, modelos de negócio e tecnologias necessárias para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
John também é presidente honorário da SustainAbility e participa de mais de 30 conselhos de administração e conselhos consultivos. Ele escreveu 19 livros e seu último foi escrito em parceria com Jochen Zeitz, ex-CEO da Puma e atual copresidente, juntamente com Sir Richard Branson, do The B Team. O livro intitulado The Breakthrough Challenge: 10 Ways to Connect Today’s Profits with Tomorrow’s Bottom Line fecha o ciclo iniciado com o livro de John publicado em 1997, Cannibals with Forks no qual ele introduziu o conceito de Tripé da Sustentabilidade (Triple Bottom Line).
Twitter: @VolansJohn
Web: www.volans.com


Lorraine Smith é diretora associada da Volans, e colabora com a equipe na agenda Breakthrough desde o início de 2016.
Desde 2004, ela é consultora de empresas globais dos setores florestais, de agricultura, alimentos, vestuário, mineração, serviços financeiros, bens de consumo e manufatura. Ocupou cargos de direção na SustainAbility, onde atualmente colabora como associada, e na Canadian Business for Social Responsibility, onde atualmente é parte do conselho. Ela é membro da Comissão de Revisão da Future Fit Business Benchmark, uma ferramenta de código aberto que quantifica como as empresas estão contribuindo para um futuro sustentável.
Lorraine é natural de Toronto, no Canadá, e atualmente reside na cidade de Nova Iorque.

 




Rachel Biderman

A Fibria tem se destacado como empresa engajada na construção de soluções para uma economia de baixo carbono, seja por seu engajamento em fóruns nacionais e internacionais sobre o tema, seja pelo investimento em pesquisa e desenvolvimento para novos produtos relevantes para a nova economia, e, ainda, pelo desenvolvimento de medidas concretas para solução do problema. Preocupada com sua “pegada de carbono”, a empresa realiza seu inventário usando o GHG Protocol, ferramenta para medir emissões de gases efeito estufa que permite o planejamento de medidas para redução de suas emissões.

“A liderança da Fibria na temática das mudanças climáticas é fundamental para impulsionar outros atores da economia brasileira e mundial em prol da solução do maior problema que hoje nos afeta.”

A liderança da Fibria na temática das mudanças climáticas é fundamental para impulsionar outros atores da economia brasileira e mundial em prol da solução do maior problema que hoje nos afeta. A empresa tem se engajado em espaços públicos de discussão, como o Diálogo Florestal, a Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura e o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, dentre outros que se destacam pela busca de soluções para a sociedade brasileira e para a humanidade.

“No que tange às oportunidades de novos negócios, a Fibria tem desenvolvido produtos e serviços de alto valor agregado para substituir derivados fósseis como fonte de matéria-prima. Exemplo disso é o investimento em bio-óleo, em parceria com a companhia americana Ensyn Corporation.”

No que tange às oportunidades de novos negócios, a Fibria tem desenvolvido produtos e serviços de alto valor agregado para substituir derivados fósseis como fonte de matéria-prima. Exemplo disso é o investimento em bio-óleo, em parceria com a companhia americana Ensyn Corporation, em que, por meio de um processo de pirólise, a biomassa é submetida a um tratamento termoquímico para obtenção de um combustível líquido, que pode substituir combustíveis fósseis na geração de energia ou ser correfinado com o petróleo.

Além disso, em 2015 a Fibria adquiriu a empresa canadense Lignol, hoje Fibria Innovations, num projeto para transformar parte da lignina, que hoje é queimada para produzir energia, em produtos de maior valor agregado e que substituam matéria-prima fóssil.

Por meio de suas atividades em restauração e serviços ecossistêmicos, colabora não só para o combate às causas das mudanças climáticas como também para a adaptação a um mundo mais quente, gerando resiliência para seus plantios e para comunidades de entorno. Isso acontece pelo seu investimento em conservação ou restauração de áreas importantes para a saúde de ecossistemas, que propicia segurança hídrica, conservação da biodiversidade e fluxo gênico, dentre outros serviços ecossistêmicos. Exemplos dessas atividades são a destinação de 364 mil hectares de suas áreas à conservação. Outro importante exemplo foi a inclusão em suas metas de longo prazo, até 2025, do combate às adversidades causadas pelas mudanças climáticas por meio da restauração de 40 mil hectares do total de suas áreas, bem como atingir um saldo positivo de carbono de 11 milhões de toneladas de CO2 equivalente, entre emissões e remoções anuais de gases de efeito estufa.

Em resumo, a Fibria se destaca por seu investimento em novos negócios, na conservação ambiental e no combate e adaptação às mudanças climáticas, contribuindo para o Brasil ser um líder na economia de baixo carbono e para o bem-estar da população de nosso país.

Rachel Biderman é a diretora-executiva do WRI Brasil. Doutora em Administração Pública e Governo pela Eaesp-FGV. Mestre em Ciência Ambiental pela USP. Foi pesquisadora em Estágio de Doutorado na JFK School of Government, Harvard. Mestre (LL.M) em Direito Internacional, com enfoque em Meio Ambiente, Washington College of Law, American University. Bacharel em Direito pela USP. Ex-coordenadora adjunta e pesquisadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (2008-2011). Professora responsável por módulo de meio ambiente do MBA em Gestão da Sustentabilidade da Eaesp-FGV. Coordenadora do curso de extensão da FGV de Gestão para o Baixo Carbono. É integrante do conselho do Instituto de Defesa do Consumidor, do Conselho Brasileiro para a Construção Sustentável e do Conselho do Instituto Marina Silva. Foi presidente do conselho do Greenpeace no Brasil (2010-2013). Autora do livro Democracia, Cidadania e Proteção do Meio Ambiente, Editora Annablume, 2002. Co-organizadora da publicação Guia de Compras Públicas Sustentáveis — Uso do Poder de Compra do Governo para a Promoção do Desenvolvimento Sustentável, Editora FGV, 2006.