Desempenho ambiental
Gestão busca a ecoeficiência
O inpEV realiza, a cada dois anos, um estudo de socioecoeficiência, com base em metodologia desenvolvida pela Fundação Espaço Eco. O quinto estudo, que consolida os resultados ambientais do Sistema Campo Limpo entre os anos de 2002 e 2012, apresenta uma análise de ciclo de vida completo (ACV) NBR ISO 14040, considerando desde a fabricação das embalagens dos defensivos agrícolas, seus usos, a devolução pós-consumo nas unidades de recebimento, o transporte delas até a destinação final e o último destino propriamente dito (reciclagem ou incineração).
Os indicadores são obtidos a partir da comparação com um cenário sem a existência do programa de logística reversa, tendo-se em vista o consumo de energia, as emissões de gases de efeito estufa (GEE), o potencial de toxicidade, doenças e acidentes ocupacionais, o consumo de recursos naturais e o uso da terra. O compromisso com o meio ambiente, de fato, reflete-se em outro dado: o inpEV não recebeu multas ou sanções não monetárias em função de não conformidade com leis e regulamentos ambientais. <EN26>
De 2002 e 2012, o Sistema Campo Limpo evitou a emissão de 343 mil toneladas de CO₂e (gás carbônico equivalente) – o equivalente à queima de combustível suficiente para dar 1.515 voltas ao redor da Terra ou às emissões ocasionadas pela extração de 786.000 barris de petróleo. No mesmo período, 1,7 milhão de árvores deixaram de ser cortadas (ver destaque abaixo). <EN18 e EN26>
Transporte racional
A forma de transporte das embalagens vazias das centrais de recebimento até o destino final prevê o aproveitamento do frete de retorno. Atualmente, a totalidade dos fretes nesse trajeto segue tal conceito, que consiste em utilizar o mesmo caminhão que partiu carregado com embalagens cheias para entrega nos pontos de revenda e/ou distribuição para levar as embalagens vazias para a reciclagem ou a incineração. Com essa medida, o inpEV custeia apenas um trecho do transporte. Além da vantagem econômica, há ganhos ambientais pelo aproveitamento do caminhão que já está em movimento, em vez de acionar outros, para transportar mais embalagens do Sistema Campo Limpo, o que reduz as emissões de gases de efeito estufa (GEE). <EN29>
Para retirar as embalagens vazias das unidades de recebimento e encaminhar ao destino ambientalmente correto final, o inpEV coordena uma complexa operação logística. Diversas melhorias operacionais são negociadas e estabelecidas diretamente com as centrais de recebimento, com a finalidade de aumentar a produtividade no transporte de embalagens por caminhão, destacando-se: revisão da dimensão e da amarração dos fardos; pressão de compactação das prensas; e melhores formas de carregamento. Em 2002, a média de embalagens transportadas era de 7.050 quilos por caminhão (média equivalente truck), indicador que, em 2012, atingiu 13.021 quilos, um aumento de 84,6% no período. Tal desempenho demonstra a eficácia do processo de melhoria contínua adotado desde o início das operações do sistema, o que, inclusive, levou o inpEV a superar a meta estabelecida para 2012, de 12.800 quilos.
Desde 2002, foram movimentados 71.953 caminhões em todo o Brasil. Em 2012, circularam 9.748 unidades, 2% menos que o total de 2011, para transportar 9,3% mais embalagens, o que representa ganhos de produtividade relacionados a três aspectos:
- > melhoria do equivalente truck de postos para centrais (aumento de 9,5% no volume das embalagens transportadas);
- > melhoria do equivalente truck de centrais para o destino final (aumento de 3,4% em relação a 2011, passando de 12.589 para 13.021);
- > menor quantidade de fretes de postos para centrais de recebimento.
Nos próximos anos, não devem ocorrer aumentos muito significativos no indicador equivalente truck, porque já se chegou bem próximo do limite de peso a ser colocado em um caminhão.
Durante o transporte de embalagens de defensivos agrícolas, nunca houve vazamentos. As cargas que seguem para reciclagem devem estar vazias, secas e limpas. Já as embalagens vazias que têm como destino a incineração estão acondicionadas em bigbags com lines (uma película que impede o vazamento).
O inpEV não monitora, contudo, dados sobre o transporte de trabalhadores.
Investimento ambiental
A indústria fabricante de defensivos agrícolas investiu, por meio do inpEV, R$ 56,5 milhões no Sistema Campo Limpo, em 2012. No cômputo geral, porém, foram aplicados R$ 81,7 milhões no período, dos quais R$ 13,7 milhões destinados exclusivamente a diferentes iniciativas e ações de gestão ambiental (ver tabela abaixo). <EN30>
Total de investimento e gastos em proteção ambiental, por tipo <EN30>
2010 | 2011 | 2012 | |
---|---|---|---|
Custos com tratamento e disposição de resíduos | 6.457 | 7.703 | 10.738 |
Incineração das embalagens não lavadas | 5.789 | 6.869 | 6.940 |
Destinação de produtos obsoletos, impróprios (programa com estados e os projetos do PR e SP) | 668 | 788 | 3.091 |
Destinação de produtos ilegais | 0 | 0 | 300 |
Projetos-piloto de destinação de sacarias de sementes e saneantes | 0 | 46 | 407 |
Custos em prevenção e gestão ambiental | 2.859 | 3.264 | 3.038 |
Ações de educação² | 2.564 | 3.002 | 2.859 |
Monitoramento e prevenção | 295 | 262 | 179 |
Total | 9.316 | 10.967 | 13.776 |
Notas
(1) Não há gastos com o tratamento de emissões atmosféricas e remediação.
(2) Englobam os investimentos em conscientização e educação, tais como: eventos, Dia Nacional do Campo Limpo, Programa de Educação Ambiental Campo Limpo, materiais produzidos para utilização em palestras e dias de campo, além de materiais utilizados pelos multiplicadores.
O inpEV também tem realizado gastos no monitoramento do solo e da água, além de prevenção ambiental, nas centrais de recebimento de São Paulo, visando identificar possíveis riscos de contaminação aos funcionários e ao meio ambiente. Exemplos disso são a verificação da quantidade de defensivos agrícolas, em partes por milhão (PPM), nos produtos finais reciclados e o controle da eficiência da tríplice lavagem.
A cada ano, um estado é escolhido, aleatoriamente, para a realização de testes com o propósito de verificar se esse processo tem sido realizado corretamente pelos produtores. Em 2012, as análises foram realizadas em centrais do Mato Grosso do Sul.
Consumo de energia <EN3 e EN4>
A energia elétrica consumida na sede administrativa do inpEV e nas unidades de recebimento diretamente gerenciadas pelo instituto é fornecida pela rede municipal e por concessionárias do sistema elétrico. Portanto, não há consumo de energia direta.
Em 2012, o consumo de energia indireta somou 287,57 GJ, um aumento de 27,58% sobre o total consumido em 2011, por conta da inclusão, no monitoramento, do consumo de 64,22 GJ da unidade de recebimento de Rondonópolis (MT).
No caso da unidade de recebimento de Taubaté (SP), os dados não são monitorados, uma vez que se encontra dentro da área da fábrica da Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos. Por essa razão, não há como acompanhar, isoladamente, o consumo de energia da central de recebimento.
Consumo de água <EN8>
A água consumida pelo instituto é fornecida pela rede de abastecimento público. A partir de 2012, além do monitoramento do consumo na sede administrativa, em São Paulo, o inpEV passou a acompanhar também o volume consumido na central de recebimento de Rondonópolis, o que se refletiu em um aumento significativo no total computado. No balanço do ano, o consumo na sede administrativa foi de 324,2 m³ e, na unidade localizada no Mato Grosso, de 638,9 m³.
Em 2012, foram consumidos, ao todo, 962,2 m³. Pelo fato de a unidade de recebimento de Taubaté estar dentro da fábrica da Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos, não é possível desmembrar seu consumo do da empresa.
Tanto na sede quanto em Rondonópolis (MT) e Taubaté (SP), são gerados apenas efluentes domésticos, sempre destinados à rede pública de saneamento disponível para tratamento. Por sua vez, o processo de lavagem das embalagens vazias pós-consumo não gera efluentes líquidos, uma vez que são lavadas pelo próprio agricultor, no momento de utilização do produto, para que a água proveniente do processo de lavagem possa ser despejada diretamente no tanque de pulverização e utilizada nas lavouras. <EN21>