Quando nós definimos nossa Visão 2022, tínhamos clareza da importância desse compromisso e dos inúmeros desafios que teríamos pela frente. Afinal, dobrar o valor da Samarco e torná-la reconhecida por empregados, clientes e sociedade como a melhor do setorrepresenta uma meta e tanto, que só pode ser atingida se combinada com a conformidade em todas as nossas práticas, com a busca pela excelência em tudo o que fazemos e com o crescimento perene e sustentado do negócio.

Em 2014, demos um importante passo nesse aspecto. Concluímos, no mês de abril, o Projeto Quarta Pelotização (P4P), um dos maiores projetos de expansão do setor privado brasileiro, com investimentos de R$ 6,4 bilhões, que ampliou nossa capacidade produtiva em 37%.

Já com o P4P em funcionamento, nossa produção de 2014 alcançou 25,075 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro e finos, 15,4% a mais que no ano anterior, resultado de uma fase de início de operação, ouramp up, concluída com êxito, dentro do prazo planejado.

No ambiente externo à Samarco, o ano foi marcado por uma agitação na esfera política brasileira que há muito não se via. O clima das eleições presidenciais intensificou a discussão sobre o futuro do País e trouxe à tona uma agenda de temas que deverão ser tratados com maior atenção por governantes, autoridades, empresas, instituições, pessoas físicas – enfim, pela sociedade como um todo. Um desses temas é a estiagem prolongada dos últimos anos, com reflexos diretos na disponibilidade de recursos hídricos e, também, na produção energética das regiões onde a Samarco atua. Tais fatores trazem riscos para nossas operações, mas também nos desafiam a aprimorar processos e a desenvolver soluções que garantam à Samarco a eficiência necessária para a perenidade de suas atividades.

Especificamente em nosso setor, uma nova dinâmica de mercado vem se materializando nos últimos anos, com sucessivas quedas no preço do minério de ferro – matéria-prima das pelotas que produzimos e comercializamos para o mercado siderúrgico mundial. Em 2014, o preço de venda do minério de ferro bruto recuou 47% em relação ao que era praticado no ano anterior, e o aumento da oferta global, combinado à desaceleração de mercados consumidores estratégicos, indica um cenário que não é passageiro; pelo contrário, impõe à indústria mineral um ambiente de negócios diferente, que consideramos um novo capítulo da história da mineração.

Nossa resposta a essa nova dinâmica está estruturada em quatro eixos: alta produtividade, qualidade do produto adequada às necessidades dos nossos clientes, baixo custo de produção e uma reputação positiva perante nossos públicos de relacionamento. É essa equação que nos permitirá atuar de forma segura e competitiva em um ambiente altamente disputado e com preços em baixa. Prova disso é o resultado de nossas vendas no ano, que somaram 25,1 milhões de toneladas, distribuídas de forma equilibrada entre 36 clientes, de 19 países. O lucro líquido alcançou R$ 2.805,5 milhões, saldo que se destaca no setor e que avaliamos positivamente, em especial diante do cenário enfrentado em 2014.

Para além do planejamento comercial e operacional minucioso, contamos, para garantir nosso desempenho, com a competência e a disposição de nossos empregados e contratados – que, mobilizados por resultados, buscam soluções diferenciadas para superar as adversidades.

Ao longo de toda a história da Samarco, nós nos posicionamos lado a lado com a sociedade, em especial com as comunidades das áreas de influência direta de nosso negócio, e, com diálogo e transparência nas relações, conquistamos a licença social para operar – ativo que ocupa lugar central em nosso Modelo de Sustentabilidade. Buscamos, dia após dia, gerar valor compartilhado, aliando ganhos obtidos com o crescimento da Empresa a benefícios de longo prazo que podemos gerar para os territórios onde atuamos.

O Projeto Quarta Pelotização é um bom exemplo de indutor do desenvolvimento local, tanto em Minas Gerais quanto no Espírito Santo. Ao todo, foram investidos R$ 8,6 milhões em projetos sociais e institucionais nos municípios das áreas de atuação direta da Samarco, e foram gerados quase R$ 600 milhões em impostos no período das obras. Além disso, todas as emissões de gases de efeito estufa na fase de implantação do projeto foram neutralizadas por meio de medidas compensatórias que receberam R$ 1,9 milhão em recursos. E os investimentos não ficaram apenas no âmbito das obras ou do período de duração do projeto. Aplicamos mais de R$ 10,4 milhões em diversas iniciativas sociais e institucionais que contribuem para a transformação positiva das pessoas e dos locais em que operamos e, para os próximos cinco anos, a previsão de tributos gerados pela Samarco é da ordem de R$ 12 bilhões, já incluindo a operação das novas plantas.

Entendemos que a gestão com foco em ética, integridade e combate à corrupção é uma condição para a sustentabilidade do negócio e para a manutenção da confiança que tanto prezamos. Nos últimos anos, fortalecemos nosso programa decompliance, investindo em ferramentas e estruturas que nos permitem disseminar diretrizes e boas práticas e monitorar e tratar qualquer tipo de ocorrência.

A Samarco possui uma cadeia produtiva integrada, do início ao fim da produção, condição que nos dá maior autonomia e competitividade e, ao mesmo tempo, aumenta nossa responsabilidade pela integridade física de nossos trabalhadores, prioridade inegociável para a Empresa. Nesse sentido, investimos, nos últimos anos, R$ 80 milhões para reduzir riscos críticos em segurança do trabalho, tornando nossas plantas mais seguras e aumentando os níveis de controle das atividades que representam maior risco.

No entanto, apesar de nossos esforços para prevenir acidentes e estimular o comportamento seguro na Empresa, após sete anos sem acidentes fatais, tivemos, em 2014, uma ocorrência com óbito, em uma empresa contratada. Tivemos, também, um aumento na taxa total de acidentes registrados (com perda de tempo + sem perda de tempo), em função do impacto do processo de ramp-up do Projeto Quarta Pelotização e, consequentemente, da maior movimentação de empregados e contratados dentro de nossas instalações. O resultado de 1,27, embora ainda seja positivo em comparação aos padrões do setor mineral, não nos agrada, e já iniciamos a implantação de diversas melhorias e ajustes nas diferentes etapas do processo produtivo.

Já na esfera ambiental, os investimentos em projetos, equipamentos e tecnologias que permitem a melhoria de nossa gestão para temas críticos – como recursos hídricos, emissões atmosféricas, resíduos e rejeitos – foram da ordem de R$ 88,3 milhões (excluindo os investimentos do P4P), em 2014 e, nos últimos cinco anos, somaram aproximadamente R$ 453 milhões.

Outra iniciativa de destaque em 2014 foi a realização de um novo processo de materialidade, que definiu e atualizou a lista de assuntos relevantes para nossosstakeholdersinternos e externos. A consulta incluiu a Diretoria da Empresa, a comunidade, o poder público e formadores de opinião, entre outros públicos, e resultou no mapeamento de dez temas materiais para a Samarco, que orientam o conteúdo presente neste relatório e passarão, nos próximos anos, a influenciar de maneira cada vez mais expressiva a condução de nossas estratégias e práticas com relação à sustentabilidade.

Reputação positiva, alta produtividade, custos competitivos e qualidade do produto são as direções estratégicas que traçamos para 2015, ano em que enfrentaremos com altivez os desafios que se projetam no mercado global de minério de ferro. Estamos prontos para conduzir uma empresa reconhecida por sua capacidade de superar obstáculos e absorver de maneira positiva as transformações do mercado e da sociedade, construindo, assim, um negócio alinhado ao futuro que projetamos para a Samarco.

Boa leitura.

Ricardo Vescovi de Aragão
Diretor-presidente